É muito frequente me perguntarem se a mulher está deprimida, o por que ela não para de chorar, se ela deve ser medicada e retirada do contato com o bebê…há casos e casos, porém a maioria deles é o Baby Blues; pedi que a psicóloga perinatal e parental, Ligia Dvorak, escrevesse um pouco a respeito disso, segue a explicação:
O bebê nasce, a mãe olha aquele ser tão pequenino, indefeso, molinho e começa a chorar… e agora? Esse choro carrega a felicidade de ter aquele bebê em seus braços e angústia do que será daqui para frente. Os dias passam e a dupla vai para casa, a rotina toma conta, e os choros são frequentes. Logo surge um pensamento, ou alguém, para sinalizar que “já passou da hora desse choro parar”.
No Brasil, 80% das mulheres são acometidas pelo o que conhecemos por baby blues, ou a tristeza materna. Costuma ter início na semana do parto e é marcada pela sensação de “não vou dar conta”. Aparecem sintomas como irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição, tristeza e insegurança. A tristeza materna dura cerca de 20 dias e com o tempo a sensação de incapacidade vai dando lugar ao “eu conheço meu bebê”.
É importante ressaltar que esse estado não se deve apenas às alterações hormonais presentes nesse momento, mas também com as vivências que estão sendo experimentadas pela primeira vez e à nova posição ocupada (de filha para mãe, de mãe de um para mãe de dois…).
A Depressão Pós-Parto (DPP) acomete entre 10% e 20% das mulheres, podendo começar na primeira semana após o parto e durar até dois anos. Em casos severos pode-se apresentar medo do bebê morrer e pensamentos relacionados ao suicídio e filicídio. Mulheres com sintomas depressivos durante ou antes da gestação, com histórico de transtornos afetivos e que sofreram dificuldades na gestação apresentam riscos maiores de desenvolver a depressão pós-parto. Esse quadro exige acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Há uma atenção especial e urgente pois é fator de risco para a saúde mental do bebê.
O que distingue a DPP da Tristeza Materna é a gravidade do quadro e o quanto esses sentimentos descritos acima, em relação a si mesma e ao bebê, incapacitam essa mãe nos cuidados do dia a dia.
São necessários todo apoio e compreensão para que uma recém mãe possa construir sua maternidade e ser reconhecida em sua maternagem ajuda muito a diminuir o mal estar, encurtando a triste materna e proporcionando um ambiente mais favorável ao tratamento da depressão pós parto.
Ligia Dvorak
Psicóloga Perinatal e Parental
CRP 154253